1 - POR TRÁS DO FILME “RAONI” (1979 – 2015) : INTRODUÇÃO

 

Anexo 002: Artigo do jornal brasileiro “Folha de São Paulo” de 22 de julho de 1981.

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Esclarecimento: A Funai cria uma legislação devido aos problemas encontrados em torno do filme “Raoni”.

 

Trechos do artigo:

"A Funai (Fundação Nacional do Índio) autoriza o filme "India"

(...) [India] é o segundo filme comercial com a participação dos índios. O primeiro foi "Raoni", de Jean-Pierre Dutilleux que até hoje não cumpriu o acordo assinado com a Funai de transferir 10% dos lucros para os índios Txukarramãe, do Xingu.

(...) Numa tentativa de evitar a repetição dos problemas surgidos com as filmagens de “Raoni”, que foi exibido no mundo inteiro, a FUNAI estabeleceu alguns critérios de pagamento para os produtores de “India”: os índios que participarem das filmagens deverão receber um cachê a ser estipulado pelo Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro e pela Funai. Além disso, antes do início das filmagens a produção deverá adiantar 500 mil cruzeiros à Funai, que aplicará esse recurso em projetos de desenvolvimento da comunidade dos Javae.

(...) Esse grupo de trabalho da Funai foi criado especialmente para elaborar normas que disciplinem as relações entre as produções cinematográficas e as comunidades indígenas, partindo do princípio de que fotógrafos, cinegrafistas, técnicos de televisão e até músicos costumam usar os índios, seus trabalhos e sua arte para difusão coletiva sem oferecer qualquer compensação financeira às comunidades ou indivíduos envolvidos.

 

A VERSÃO DE JEAN-PIERRE DUTILLEUX

Publicada em seu livro "Sur la trace des peuples perdus" (Na trilha dos povos perdidos) éd. Hugo & Cie - 2015

"Quando o filme "Raoni" foi lançado no Brasil, eu concordei com os índios de dar-lhes 10% dos lucros. Uma coisa inédita na época. Um dia, Raoni se encontrou com o contador da Embrafilme, a empresa brasileira de distribuição do filme, e exigiu o que lhe era devido. Ele estava acompanhado do co-produtor brasileiro Pierre Sagues. O contador foi surpreendido pela presença desse índio no seu pequeno escritório na Avenida Brasil, quando saía do Rio para ir a São Paulo. Ele explicou a Pierre que ele não podia dar-lhe o dinheiro dessa forma, que era necessário esperar a verificação das contas, os relatórios que seriam enviados no fim do ano, etc. Ele não disse mais uma palavra, diante da situação, do impasse, Raoni levantou sua clave de madeira, que ele leva para a guerra para matar seus inimigos, e esmagou o escritório do contador, que partiu em dois. O contador gritou, caiu no chão e perdeu seus óculos. Pierre o colocou de pé: "Seria melhor pagá-lo, se não nós vamos ter grandes problemas..."

"O contador não contestou mais. Então, Raoni partiu com uma bela sacola cheia de notas de banco, de cruzeiros, da moeda da época."

 

SUMÁRIO GERAL :

JEAN PIERRE DUTILLEUX, A BARRAGEM BELGA DA AMAZÔNIA

1. POR TRÁS DO FILME “RAONI” (1979 – 2015)

2. STING EXPULSA DUTILLEUX DEVIDO A ENRIQUECIMENTO PESSOAL (1990)

3.UM BELGA EXPLORA OS ÍNDIOS DA AMAZÔNIA E TENTA UM GOLPE DE 5 MILHÕES DE $ NA EUROPA (1991)

4. UM DEPÓSITO ILÍCITO DA MARCA RAONI (2010)

5. DUTILLEUX PROIBIDO DE ENTRAR EM TERRITÓRIO KAYAPÓ E PERSEGUIDO POR VENDA DE FOTOS (2000-2004)

Anexos do documento